(HELDER, 1980: 141-142)
A estrela voltaica queimando a minha obra morosa afina sombriamente cada cara soldada ponto a ponto, sobre as válvulas, sobre a luz que se abre e se fecha na carne lunar, implacável. Tudo faísca: a fruta que se apanha, o feixe vertebral, os orifícios de sangue entre os poros da madeira. Respira, dói [...] Toda a obra. Dói. A memória maneja a sua luz, os dedos, a matéria. [...] (HELDER, 2004: 353-354)
Era tudo uma máquina com as letras lá dentro. E eu vinha cantando com a minha paisagem negra pela neve. E isso não acabava nunca mais pelo tempo fora. Começo a lembrar-me. Esqueci-te as barbatanas, teus olhos de peixe, tua coluna vertebral de peixe, tuas escamas. E vinha cantando na neve que nunca mais acabava. (HELDER, 2014: 195)
Referências bibliográficas
HELDER, Herberto (2020), Apresentação do Rosto, Porto: Porto Editora.
HELDER, Herberto (2014), Poemas Completos, Porto: Porto Editora.
HELDER, Herberto (2013), Photomaton & Vox, Lisboa: Assírio & Alvim.
HELDER, Herberto (2004), Ou o Poema Contínuo, Lisboa: Assírio & Alvim.
HELDER, Herberto (2001), Ou o Poema Contínuo (súmula), Lisboa: Assírio & Alvim.
HELDER, Herberto (1980), Os Passos em Volta, Lisboa: Assírio & Alvim.
HELDER, Herberto (1961), A Colher na Boca, Lisboa: Edições Ática.
UFFELEN, Chris van (2023), Timber Homes: Taking Wood to New Levels Hardcover, Berlim: Braun Publishing.